segunda-feira, 6 de julho de 2009

samba 7

1999, perto do fim do mundo

domingo, 5 de julho de 2009

Noiva do Mar


























































Pensa que não sei que nada é fácil?
Pensa que não sei que mar é céu?
Pensa que apanhei a Flor do Lácio num jardim qualquer do Cristo Rei?






Pensa que não me servia ficar na Vila Maria,
que já nem cabe na trova morar na Cidade Nova,
viver no Centro,
namorar na Rua Nove,
sair do porto, passar pela Vinte Um?
São João, Parque Marinha, Bosque Silveira, Canal:
é sangue quente ainda, é ferro na boneca, é uma barra toda, uma boca escura.
É uma beca nova, banda na Praça Saraiva ( A Praça Sete inteira no enterro dele!)
É coco no supermercado, cocô no centro de saúde, adoidado.
É rude ver o frio e tanta gente na rua dormindo sereno, a semelhar cadáver!
Olho para ele: apesar da rugas muitas bem podia ser meu filho, bem podia ser meu filho!
Noiva do Mar, quando é que vocês vão casar
e encher de pó-da-china o ar,
comemorar em alto estilo, privatizar, o já privê universo onde se sobrevive?
Estive no verão, na Praia do Cassino
e era siri, mãe dágua, estrela do mar.
Do mar, do mar, do mar... Do tão sofrido mar,
latrina oficial, autorizada em carnaval de gabinete.
Mas o que mais me dói, Noiva do Mar, é ver que matas o teu noivo e sujas o meu verso!

domingo, 24 de maio de 2009

É um filho teu que chora esse agora tão imundo.
Que o fundo do teu fundo seja o que não vejo,
porque senão, pra ti desejo que sonhes, e sonhes, e sonhes...
nunca mais acordes.
Porque se não realidade, é, para nós, mortalidade,
vida maltratada, biodegradável.
(Quero chorar, mas os meus olhos têm cimento!)









Noiva do Mar, poesia de Angelo Vigo, Rio Grande, 1993.